terça-feira, 14 de julho de 2015

A OBRA DE DEUS (Watchman Nee)


Deus tem Sua obra. Essa não é a sua nem a minha obra, tampouco é a obra desta missão ou daquele grupo. É a obra do próprio Deus.

Gênesis 1 nos diz que Deus trabalhou e, depois, descansou. No início, Deus criou a luz, os seres vivos, o homem e assim por diante. Ninguém, a não ser Ele, poderia realizar essa obra da criação. E hoje Ele também tem Sua obra, que não é a obra de homem algum e que homem algum pode fazer. A obra de Deus não pode ser feita por ninguém, a não ser pelo próprio Deus. Quanto mais cedo aprendermos isso, melhor, porque as obras, as idéias, os métodos, o zelo, a seriedade, os esforços e as atividades incansáveis do homem não têm qualquer lugar no que Deus está fazendo. O homem não pode ter mais parte na obra de Deus hoje do que poderia ter nos tempos remotos da criação.

Entretanto, ainda é verdade que não podemos fazer a obra de Deus, visto que toda ela é absoluta e totalmente Dele. Mas, por outro lado, nós somos Seus co-obreiros. De modo que, por um lado, devemos reconhecer que não podemos tocar, nem mesmo com o dedo mínimo, a obra de Deus e, por outro, somos chamados para ser co-obreiros com Ele! E foi com este fim que Ele nos alcançou. O Senhor tem um propósito definido na salvação - e um propósito claro e específico ao nos salvar -, que é nos ter como Seus co-obreiros.

O que, então, é a obra de Deus? Efésios nos mostra isso de forma mais clara que qualquer outro livro no Novo Testamento. O capítulo 1 diz: "Assim como nos escolheu Nele antes da fundação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis perante Ele" (v. 4); no capítulo 2 lemos: "Para mostrar, nos séculos vindouros, a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus" (v. 7). Lemos também no primeiro capítulo: "Desvendando-nos o mistério da Sua vontade, segundo o Seu beneplácito que propusera em Cristo" (v. 9).

O co-obreiro de Deus é a Igreja. Mas, quem, é, então, um co-obreiro de Deus? Bem, não é alguém que deseja trabalhar para Deus, alguém que vê uma necessidade e deseja atendê-la; não é nem mesmo alguém que conduz pessoas à salvação; antes, é aquele que faz o que Deus lhe designou em Seu eterno propósito, e ele faz apenas isso. Se enxergarmos realmente aquilo para o que fomos conquistados por Cristo Jesus, todos os nossos labores, todas as nossas obras formais para Ele, serão esmagados e feitos em pedaços.

O alvo e objetivo de Deus em tudo é revelar Seu Filho, manifestar Seu Filho, mostrar a suprema riqueza da Sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Este é Seu eterno propósito. Este é o objetivo que você tem na obra que está fazendo agora? Se for menos do que isso, então, você não é um co-obreiro, um cooperador com Deus.

Você pode perguntar: "Como saberei se estou trabalhando junto com Deus?". Isso pode ser facilmente respondido. Você está satisfeito com o que está fazendo? Se você não satisfaz o coração de Deus, você mesmo não poderá se sentir satisfeito. Não se trata de comparar sua obra com a de qualquer outro. A questão é se tudo o que você realiza é bom, isto é, bom aos olhos de Deus, aceitável a Ele ou que procede Dele, e é alinhado com Seu eterno propósito.

Paulo declara: "Prossigo para conquistar aquilo para o que também fui conquistado por Cristo Jesus". Não precisamos olhar ao redor e criticar os outros, desejando saber se é possível que todo o resto esteja errado e nós, poucos, estamos certos. Isso não tem qualquer valor e é prejudicial. Não se incomode com os outros. Asseguremo-nos de nós mesmos estarmos prosseguindo "para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus".

Quando começamos a procurar aqui na terra por alguma coisa - uma igreja, um testemunho, um movimento, uma doutrina, uma coisa exterior visível e tangível -, descobrimos que ela se torna imediatamente mais outro "cristianismo técnico". É apenas uma coisa terrena, morta e sem utilidade. O Corpo de Cristo, entretanto, é vivo e espiritual. Mas quando está morto, se torna imediatamente apenas uma coisa. Devemos ser simplesmente um grão de trigo que cai na terra e morre e produz muito fruto. Isso é seguidamente repetido através das eras. A Igreja não é uma coleção de judeus, gentios, brasileiros, americanos, chineses e outros. Por acaso, não está escrito em Colossenses: "O novo homem (...) no qual não pode haver grego nem judeu, circuncisão nem incircuncisão, bárbaro, cita, escravo, livre; porém Cristo é tudo em todos" (3.11)?

Muitos acham que o que nos permitirá cruzar os portões do céu é ter um pedaço de Cristo em nós. Esse é um conceito horrível, porque na entrada do céu está a cruz, e nesta cruz você e eu e todos os outros seres humanos fomos crucificados. Todo judeu, grego, brasileiro, americano, chinês, e qualquer outro, foi pregado naquela cruz e nunca chegará ao céu. Somente o que entra é Cristo; nada de nós jamais entrará. Isso é a Igreja. Qualquer coisa em nós e sobre nós que seja Cristo ou de Cristo é a Igreja; tudo o que em nós teve origem em nós - qualquer coisa que não seja o próprio Cristo em nós -, não é a Igreja e nunca entrará no céu; pelo contrário, será destruído. Aquilo em nós que é a vida sem mistura de Cristo é o que Deus eternamente reconhecerá e é com isso que Ele contará para trabalhar. E somente esse elemento é que poderá trabalhar junto com Deus.

Só podemos servir a Deus com aquilo que é de Deus. Nada a não ser aquilo que procede de Deus pode ser usado no serviço a Ele. Podemos ter reuniões animadas em que as emoções são despertadas, mas isso pode estar totalmente no plano natural e provará ser madeira, feno e palha e nunca passará pelo fogo. Podemos até mesmo olhar para trás e louvar o Senhor por todas as bênçãos que Ele nos permitiu ver, as quais foram concedidas aos outros no passado, mas se tal ministério não teve como base a morte e a ressurreição de Filipenses 3, ele nunca permanecerá ao passar pelo fogo.

Você precisa estar tão morto quanto a vara colocada diante do Senhor durante uma noite. Durante uma noite e não por dez minutos. Muitos de nós emergimos muito cedo. Deus nos faz deitar, mas nós deveríamos levantar somente pela manhã. Todos devem passar por esse período de morte. Tal período de morte pode durar meses ou ser até mais longo. Qual é o resultado? Nosso ministério se vai, nossa riqueza espiritual é tirada; tudo o que possuíamos e nos levava a regozijar-nos, tudo o que conhecíamos e experimentávamos foi removido; nossa vida de oração cessou e nosso testemunho foi tirado. De fato, tudo parece ser trevas e morte. 

Entretanto, estamos na mãos de Deus, deitados diante Dele no santuário. Rejeitamos olhar para dentro de nós mesmos e nos examinar para ver onde estamos, no sentido de distinguir o que é o ego e o que é Deus, o que é alma e o que é espírito, pois tudo o que está dentro de nós é e será sempre trevas. Assim, decidimos simplesmente manter os olhos fitos no Senhor. Sabemos que a manhã da ressurreição virá, mas retiramos as mãos da obra e deixamos o Senhor realizar Sua obra perfeita durante toda essa noite de morte para todas as coisas.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O que significa que Jesus é o Cordeiro de Deus?

O que significa que Jesus é o Cordeiro de Deus?



Resposta:Quando Jesus é chamado de Cordeiro de Deus em João 1:29 e João 1:36, é uma referência ao fato de que Ele é o sacrifício perfeito e definitivo pelo pecado. Para podermos compreender quem Cristo era e o que Ele fez, precisamos começar no Velho Testamento, onde encontramos as profecias sobre a vinda de Cristo como “expiação do pecado” (Isaías 53:10). Na verdade, o sistema de sacrifícios estabelecido por Deus no Velho Testamento preparou o terreno para a vinda de Jesus Cristo – o perfeito sacrifício que Deus providenciou como expiação pelos pecados de Seu povo (Romanos 8:3; Hebreus 10).

O sacrifício de cordeiros fez um papel muito importante na vida religiosa dos judeus e no seu sistema de sacrifícios. Quando João Batista se referiu a Jesus como o “Cordeiro de Deus que tira os pecados do mundo” (João 1:29), os judeus que o escutaram provavelmente pensaram imediatamente em um dos vários sacrifícios importantes. Com a época da páscoa judaica se aproximando, o primeiro pensamento pode ter sido o sacrifício do cordeiro da páscoa. A festa da páscoa era uma das mais importantes festas judaicas e uma celebração em memória de quando Deus livrou os israelitas da escravidão no Egito. Na verdade, o sacrifício do cordeiro da páscoa e o processo de marcar com sangue as ombreiras e as vergas da porta das casas para o anjo da morte passar pelas pessoas que estavam “cobertas pelo sangue” (Êxodo 12:11-13) é um lindo retrato do trabalho expiatório de Cristo na cruz.

Um outro sacrifício importante que envolvia cordeiros era o sacrifício diário no Templo de Jerusalém. Toda manhã e noite, um cordeiro era sacrificado no Templo pelos pecados do povo (Êxodo 29:38-42). Esses sacrifícios diários, como todos os outros, tinham como propósito apenas direcionar as pessoas para o sacrifício perfeito de Cristo na cruz. Na verdade, a hora da morte de Jesus na cruz corresponde à hora do sacrifício noturno que estaria sendo realizado no Templo. Os judeus daquele tempo também teriam conhecimento dos profetas do Velho Testamento como Jeremias e Isaías, cujas profecias previram a vinda daquele que seria como “cordeiro levado ao matadouro” (Jeremias 11:19; Isaías 53:7) e cujo sofrimento e sacrifício providenciariam a redenção para Israel. Naturalmente, a pessoa que foi profetizada pelos profetas do Velho Testamento era Jesus Cristo, “o Cordeiro de Deus”.

Embora a ideia de um sistema de sacrifícios possa nos parecer estranha nos dias de hoje, o conceito de pagamento ou restituição ainda é um que podemos facilmente entender. Sabemos que o salário do pecado é a morte (Romanos 6:23) e que nossos pecados nos separam de Deus. Também sabemos que a Bíblia ensina que somos todos pecadores e que nenhum de nós é justo diante de Deus (Romanos 3:23). Por causa de nosso pecado, somos separados de Deus e permanecemos culpados diante dEle; portanto, só podemos ter esperança se Deus providenciar um caminho para a nossa reconciliação e foi isso o que Ele fez ao mandar o Seu Filho Jesus Cristo para morrer na cruz. Cristo morreu para fazer expiação pelo pecado e para pagar pela penalidade dos pecados daqueles que têm colocado sua fé nEle.

É através de Sua morte na cruz como o sacrifício perfeito de Deus pelo pecado e pela Sua ressurreição três dias depois que agora podemos ter vida eterna se acreditarmos nEle. O fato de que Deus mesmo tem providenciado o sacrifício que expia (paga) pelo nosso pecado é parte da gloriosa boa notícia do Evangelho que é tão claramente descrita em 1 Pedro 1:18-21: “sabendo que não foi mediante coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados do vosso fútil procedimento que vossos pais vos legaram, mas pelo precioso sangue, como de cordeiro sem defeito e sem mácula, o sangue de Cristo, conhecido, com efeito, antes da fundação do mundo, porém manifestado no fim dos tempos, por amor de vós que, por meio dele, tendes fé em Deus, o qual o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, de sorte que a vossa fé e esperança estejam em Deus.”